Kéfera Buchmann. |
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
“Eu queria não ter que precisar crescer. Crescer
assusta, crescer dói. Dói muito, dependendo do quão cedo você é jogado
da zona adolescente direto para a zona adulta. É muito estranho quando
você se enxerga velho o suficiente para ir pra um bar e voltar a hora
que quiser, mas fica com o rabinho entre as pernas se o seu chefe briga
com você pelo atraso logo na segunda de manhã. Colo de mãe é algo
realmente milagroso. Eu lembro que quando eu era criança, eu costumava
dormir no colo dela porque estava chateada já que aquele dia no colégio
tinha sido o dia de levar brinquedo e eu me esqueci de levar minha
boneca. Hoje eu preciso de colo porque tenho decisões pra tomar daqui
pra frente (algumas me assustam muito, outras, nem tanto…) Mas são
decisões que irão realmente fazer a diferença e que irão mudar
completamente o sentido da correnteza do meu rio. Decisões que irão
fazer meu avião passar por uma forte turbulência. Eu lembro que quando
eu tinha 10 anos, eu achava que ter 19 iria ser o máximo e que a vida
seria muito mais interessante e divertida depois que eu pudesse ir para
uma balada com os amigos e voltar às 7 da manhã. Agora, tenho 19 anos,
tenho nojo de balada e às 7 da manhã é o horário que eu estou indo
dormir, depois de ter passado horas em frente ao computador. Ou seja, no
quesito “virar um adolescente normal”, eu fracassei. E realmente não me
arrependo. Até me orgulho de ser estranha do jeito que eu sou. Enfim,
crescer é deprimente. Você percebe que você passou anos guardado dentro
de uma caixinha, e que agora a vida abriu sua casquinha protetora. E
você terá de sair. Sua caixinha serviu pra te guardar enquanto você
esteve se preparando pra algum dia, explorar o mundo que existia fora da
sua zona de conforto. Às vezes eu irei precisar de colo, mas o colo que
eu preciso não estará por perto. Medo de ficar sozinho, todos temos.
Mas o medo de se arriscar consegue ser ainda maior. Tudo que é novo
assusta demais, gera insegurança, dúvidas, tristezas e angústias. Mãe,
cadê meu colo?”
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