quarta-feira, 30 de maio de 2012

Oração



 Paizinho, quero te agradecer por mais um dia que o Senhor me deu, por mais uma chance de recomeçar, por mais um dia me amar mesmo sem merecer. Obrigada pelo pão que me alimenta todos os dias, pelo sol que nasce pela manhã, obrigada simplesmente por me dar o dom da vida. Eu não sou merecedora de tudo isso, mas mesmo assim o Senhor me abençoa e me ama. Me perdoe por ser tão pecadora, me perdoe por muitas vezes que deixei de te ouvir, ou simplesmente te ignorei. Senhor, me ensine a ter um coração humilde como o de José. Obrigada por todas as vezes que pensei em desistir, mas o Senhor como um pai presente, me deu a mão e não me deixou desistir. Obrigada por me levantar, me tirar do chão, quando o mundo inteiro me virou as costas. O meu amor por Ti é tão grande, mas o Teu por mim é muito maior, eu sei disso, porque foi capaz de dar o seu único filho pra morrer por mim naquela cruz. Eu não merecia Senhor, mas mesmo assim, Tu o fizeste. Eu não sou digna desse amor, mas sou grata por Ele. Pai, nunca me deixe desistir do meu chamado. E eu sei que muitas vezes terei que obedecer a Ti mesmo sem entender qual o Teu plano pra mim, pois eu sei que é o melhor. Paizinho, me abrace, me conforte, acalma o meu coração.  
Em nome de Jesus, amém.

quinta-feira, 17 de maio de 2012



“Mas a lição que eu aprendi é que não vale a pena consertar um carro pela décima vez. É mais fácil comprar um novo e fim de papo. Afinal, eu bem que tentei consertar meu relacionamento com algumas pessoas e só ganhei mais e mais poses e menos e menos verdades. Ainda que doa deixar pessoas morrerem, se agarrar a elas é viver mal assombrado.”


Tati Bernadi

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Às vezes é preciso



“Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar. Às vezes é preciso respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esquecer o coração, dizer tudo o que se tem para dizer, não ter medo de dizer não, não esquecer nenhuma ideia, nenhum pormenor, deixar tudo bem claro em cima da mesa para que não restem dúvidas e não duvidar nunca daquilo que estamos a fazer. E mesmo que a voz trema por dentro, há que fazê-la sair firme e serena, e mesmo que se ouça o coração bater desordeiramente fora do peito é preciso domá-lo, acalmá-lo, ordenar-lhe que bata mais devagar e faça menos alarido, e esperar, esperar que ele obedeça, que se esqueça, apagar-lhe a memória, o desejo, a saudade, a vontade. Às vezes, é preciso partir antes do tempo, dizer: aquilo que mais se teme dizer, arrumar a casa e a cabeça, limpar a alma e prepará-la para um futuro incerto, acreditar que esse futuro é bom e afinal já está perto, apertar as mãos uma contra a outra e orar a Deus  que nos dê força e serenidade. Pensar que o tempo está a nosso favor, que a vontade de mudar é sempre mais forte, que o destino e as circunstâncias se encarregarão de atenuar a nossa dor e de a transformar numa recordação ténue e fechada num passado sem retorno que teve o seu tempo e a sua época e que um dia também teve o seu fim. Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizémos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito. Somos outra vez donos da nossa vida e tudo é outra vez mais fácil, mais simples, mais leve, melhor. Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo a baixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda-fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo. Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio, paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar. Porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho e mesmo que não haja caminho porque o caminho se faz a andar, o sol, o vento, o céu e o cheiro do mar são os nossos guias, a única companhia, a certeza que fizemos bem e que não podia ser de outra maneira. Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar, a lembrar. Até se conformar e um dia então esquecer.”

Margarida Rebelo Pinto - “As crónicas da Margarida”

terça-feira, 8 de maio de 2012

Strong





É extremamente sufocante quando as palavras fogem de você, quando os pensamentos se entrelaçam nos seus sentimentos e tudo fica uma verdadeira bagunça. É horrível sentir essa necessidade de querer gritar pro mundo todo, tudo aquilo que está sentindo, mesmo sabendo que ninguém estará pronto para ouvir [..] É muito doloroso saber que você vai passar a noite toda acordada, se desmanchando em lágrimas e no dia seguinte ninguém vai se importar se você está bem ou não. É muito triste saber que eu não sou importante pra ninguém, essa minha vontade de me desligar de tudo está cada vez mais persistente na minha mente. Eu quero me expressar de alguma forma, mas eu não consigo, parece que eu acabei de me embriagar, ou usar algum tipo de tóxico, daquele que deixa você totalmente alucinada, totalmente sem noção do que sente e do que fala, parece que um caminhão passou por cima de mim e agora restaram apenas os meus pequenos pedaços no chão desse quarto! Eu estou sufocada com a minha própria vida, com essa falta de sentimentos normais, com a falta de atenção das pessoas, estou me desmanchando em pequenas lembranças, e o pior é que ninguém percebe ninguém se importa! Eu sinto o meu coração quase explodindo, é como se ele estivesse ficando grande demais para permanecer aqui dentro, é como se todos os meus problemas estivessem tensos demais pra eu resolver sozinha, eu preciso de alguém que seja bom o suficiente a ponto de me erguer do chão [...]
Sei que Deus tem me sustentado e me mantido de pé. Sei que Ele é o único que posso contar, o único que me entende e sempre vai ser assim.
Não quero me manter num drama barato pra sempre. Sozinha não terei forças o suficiente para tocar a minha vida pra frente.
Mas permanecerei forte enquanto eu respirar.


Adaptação: Criix Fraga

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Guardo comigo atitudes que poderiam ser realizadas e oculto as palavras mais bonitas para ocasiões toscas. É meu jeito meio estranho de ser. Me orgulho em reconhecer falhas, em honrar arrependimentos, em repensar tempos ruins para que eles não se repitam. Já vi novelas reprisarem sem nem ao menos terem acabado, digo, novelas da vida real e não ficções onde acaba tudo bem e feliz. Espero fazer da minha vida uma novela agradável de ser assistida e interpretada, daquelas com gosto de quero mais, digna de ‘vale a pena ver de novo’. Espero obter êxito, espero concluir com mais momentos bons a se lembrar do que fazes ruins para se esquecer. Ceguei-me durante um tempo significativo, acho que na verdade, permiti que me cegassem, deixei me levar pelos impulsos e novidades, fiz que fiz bobagens e agora estou aqui, só, sem aquilo pelo qual gastei tanto tempo. Vejam, poderia dizer que não me arrependo de nada do que fiz e que todas nossas experiências, por piores que sejam, servem como aprendizado e ajudam no processo de amadurecimento da alma e da sabedoria. Porém, não serei hipócrita, tão menos egoísta e ignorante. Assumo que errei, assumo que poderia ter feito diferente, que gostaria que a história tivesse outro desfecho.Quem sabe hoje, teria as pessoas pelas quais prezava, aqui, ao meu lado, poderia sorrir ao lado dos meus, poderia brincar e ligar de madrugada enquanto estivesse com insônia ou algo do tipo. Mas é isso mesmo, o futuro reserva surpresas as quais nunca estamos preparados, e caí em uma dessas armadilhas insanas do tempo, afoguei na maré de más atitudes, fui figurante e saí como vilã. Talvez o sentido de toda uma caminhada seja esse mesmo, nos ‘auto-surpreender’, trilhar rumos opostos aos que sempre sonhamos, seguir seguindo sem saber se o amanhã ainda existirá. Estranho não? Justo nos tempos de hoje, onde muitos se dedicam para estar à frente da nossa capacidade, para descobrir fórmulas de antecipar o futuro e vencer a barreira do tempo. Justo nós que planejamos tanto, lutamos tanto, estudamos tanto. Vejo gente burra com diplomas nas mãos, vejo teorias malucas para explicar comportamentos humanos, vejo poetas definindo amor sem nunca terem se entregado verdadeiramente a nada. Não vou dizer que busco perfeição, nem chego a dizer que sou uma boa companhia, mas procuro crescimento, e hoje vejo que poderia ter sido diferente. 

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