sábado, 29 de outubro de 2011





”() Ela nunca se deu bem com as pessoas. Já tinha se magoado, mais do que imaginaria em vida. Aprendeu a distanciar-se delas, sem nem ter a chance de se aproximar. Aos olhos de quem a julgava, era aquela típica garota com medo do escuro e do que poderia existir em seu coração, porque de fato, até ela desconhecia a grandeza da sua dor. Enquanto o mundo girava, ela colocava aqueles mesmos fones de ouvido de sempre e trancava-se, como se a cada nova canção ela morresse e vivesse novamente. Sempre havia sido assim. Nunca tinha deixado alguém ultrapassar aquela barreira que costumava chamar de ‘auto-proteção’ e tão cedo não cederia. Mas é claro, não podia negar que todas as noites, ela sentia aquele vazio que a deixava mais fria à cada pensamento, a cada respiração, a cada segundo. () Deixou o tempo passar, como se a vida fosse evoluir também. Nada. Nenhum progresso, nenhuma melhora, nenhuma companhia. Absolutamente ninguém esforçava-se pra ganhá-la, pra tirá-la o fôlego, pra fazê-la se apaixonar. ‘O que há de errado comigo?’ nem fazia mais parte do seu vocabulário, de tantas vezes que já tinha sido dito. Esse esquecimento só foi um impulso, pra ela afogar-se em solidão. Morreu… Mas continuou vivendo. Sofreu… Mas continuou sorrindo. Mentiu… Mas continuou acreditando que em algum lugar do mundo, ainda existia a verdade.”

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